terça-feira, 28 de agosto de 2007

Literatura Ouro volta para o segundo semestre!




Pois o Literatura Ouro está de volta!
A ata da primeira reunião:

"Sou outro agora e, no entanto, ainda o mesmo". (Ulisses, de J. Joyce).
Iniciamos nosso primeiro encontro do Literatura Ouro, 2º. Semestre, com Lívia Poeta falando de como falou Zaratustra, de Nietzsche:
Serás herege para ti mesmo serás
feiticeiro, adivinho doido incrédulo, ímpio
e malvado.
É mister que queiras consumir−te na tua
própria chama. Como quererias
renovar−te sem primeiro te reduzires a
cinzas?
Lutamos para entender como ser o mesmo e, ainda assim, ser aquele que se deixar queimar e se reduzir em/nas cinzas.
Foi preciso Vanessa nos lembrar de José Mendonça Telles. Um hábito que vem se enraizando comigo há muitos anos é o de destacar, logo nas primeiras horas da manhã, a Folhinha do Calendário. É minha primeira leitura.
Com a folhinha nas mãos e nos olhos, vou sabendoo que se celebra no dia e recebendo mensagem e o ensinamento diversos, orientação sobre assuntos domésticos e agrícolas e até umas piadinhas, de vez em quando para levantar o humor.
Isso mesmo. O caminho, o percurso é o que fica. É a fênix para todos. O espaço/tempo permanece. Ainda que só o tempo seja o mesmo: infinito, imutável, incolor, inodoro...in. No tempo, outros virão partilhar literatura, arte e artes. Hudson era alguém com o intuito de mostrar fôlego novo:
-Kingstown pier, Stephen said. Yes, a disappointed bridge. (Um Retrato do Artista Quando Jovem, JAMES JOYCE). Vindo das Minas Gerais, Hudson falou-nos do que é visto por ele como Goiânia. Comer em Goiânia? Pode ser. Quem vai saber????

Victor, mudado pelo poeta do nada, Manoel de Barros, afirmava: As coisas tinham para nós uma desutilidade poética.(M. Barros). E então:

A arte de infantilizar formigas

Depois de ter entrado para rã, para árvore, para pedra
- meu avô começou a dar germínios
Queria ter filhos com uma árvore.
Sonhava de pegar um casal de lobisomem para ir
vender na cidade.
Meu avô ampliava a solidão.
No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do
quintal : Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra
dentro.
Um lagarto atravessou meu olho e entrou para o mato.
Se diz que o lagarto entrou nas folhas, que folhou.
Aí a nossa mãe deu entidade pessoal ao dia.
Ela deu ser ao dia,
e Ele envelheceu como um homem envelhece.
Talvez fosse a maneira
Que a mãe encontrou para aumentar
as pessoas daquele lugar
que era lacuna de gente. (Livro sobre Nada, de Manoel de Barros).
Para encerrar, Sinval, super quieto e recatado. Tímido mesmo... Calado... Lembrou a todos o soar de Callas:
“Durante anos me esforcei para criar essa qualidade doentia na voz de Violetta; afinal, ela é uma mulher doente. Na verdade, tudo se resume a uma questão de respiração, e é preciso ter uma garganta muito limpa para sustentar esse cansaço na maneira de falar ou cantar. E o que foi que eles disseram? “Callas está cansada, a voz está cansada!”.Mas era essa justamente a impressão que eu queria criar. No estado em que se encontrava, como Violetta poderia cantar em tons grandiosos, altos, sonoros?” (Maria, em entrevista a Derek Prouse).
A arte é um fazer social. E, como não podia deixar de ser, o Literatura Ouro já se firmou pela abertura ao povo. Um senhor desconhecido nos convidou a refletir sobre o aborto elétrico ou não. A pensar em parir sem ter útero...
Esperamos por todos os que desejam produzir arte na próxima reunião: 02 de setmebro de 2007, às 17:30.


Ata feita por Prof.Dr. Sinval.